"Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites, manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer. Então sabemos tudo do que foi e será. O mundo aparece explicado definitivamente e entra em nós uma grande serenidade, e dizem-se as palavras que a significam. Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos. Com doçura. Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a vontade e os limites. Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos ossos dela. Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres como a água, a pedra e a raiz. Cada um de nós é por enquanto a vida. Isso nos baste."
in Provavelmente Alegria.
Não é de todo original colocar na tua página pessoal um poema que não é sequer da minha autoria, mas é dos meus autores favoritos e este é dos poemas que eu mais aprecio dele (José Saramago). Por vezes sentimos que estas "noites, manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer" não existem, apesar de sabermos que essa sensação é apenas momentânea, pode por vezes demorar mais tempo a escapulir-se do nosso consciente, mas é apenas uma sensação que por maior preponderância que lhe estejamos a dar e que lhe queiramos continuar a dar, depois, quando tudo passar, vai parecer estúpida e insignificante. Tu és grande, Catarina. Tu és "por enquanto a vida. Isso nos baste."
Para quem estava inicialmente preocupada com o que colocava no blog e se entristecia porque não era original, está muito bom. Gostei. Continua, mas vai colocando também outras produções tuas que não só as literárias, porque eu sei que tens. Beijinhos.
"Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
ResponderEliminarmanhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste."
in Provavelmente Alegria.
Não é de todo original colocar na tua página pessoal um poema que não é sequer da minha autoria, mas é dos meus autores favoritos e este é dos poemas que eu mais aprecio dele (José Saramago).
Por vezes sentimos que estas "noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer" não existem, apesar de sabermos que essa sensação é apenas momentânea, pode por vezes demorar mais tempo a escapulir-se do nosso consciente, mas é apenas uma sensação que por maior preponderância que lhe estejamos a dar e que lhe queiramos continuar a dar, depois, quando tudo passar, vai parecer estúpida e insignificante.
Tu és grande, Catarina. Tu és "por enquanto a vida. Isso nos baste."
Gosto muito de ti,
MartaGomes.
Para quem estava inicialmente preocupada com o que colocava no blog e se entristecia porque não era original, está muito bom. Gostei. Continua, mas vai colocando também outras produções tuas que não só as literárias, porque eu sei que tens. Beijinhos.
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